Escrito em 2022-09-12, para uma aula de português

A midia social é, sem dúvida, a força definitiva dos primeiros 22 anos do século 21. Cada pessoa tem uma conexão aos pensamentos, emoções, dramas, e triúnfos de milhões de outros de cada estrato da vida, formando uma rede tanto de dados quanto da consciência. Um escritor da ficção científica dos anos 50 consideraria tal ligação uma fantasia utopianista, porém a midia social se revelou a ser o contrario. Um video de um cachorrinho, gravado em alemânia, alegra um grupo de amigas no Camboja. Mas o video do morte de George Floyd, gravado em Minneapolis, incita morte e destruição em todos os Estados Unidos.

Audio, fotografia, e filme nos deram teleportação primitiva - a habilidade de experimentar um momento de longe como se nós fôssemos aí. Entretanto, nossos cerebros evoluíram nas planíces de Africa e não conseguem distinguir entre artifício e realidade; o que vemos na tela é real para nós. O pavor que experimentamos assistando um filme de terror é real, do ponto da vista de nossa sistema límbico, assim como a ofensa, o alarme, e o desgosto que experimentamos lendo as últimas notícias. Esse fenômeno ajuda a assistir um filme para entretenimento, mas machuca alegria quando os eventos da tela parecem como se acontecessem na sua vida própria.

A verdade é que a midia social é menos ascensão de consciência humana, e mais amplificação do que já existe. Cada evento, cada frase, e cada expressão enviado pelo internet tem centenos de observadores em vários países, agora mesmo e até no futuro. Esses observadores “teleportados” sentem as emoções, e compartilham o conteúdo com ainda mais pessoas. Em segundos, até coisas humildes estão sendo experimentadas por um grupo.

O problema com um mundo conectado é que o mundo não fica em um só lugar: tudo está acontecendo, sempre, em todos os lugares. A amplificação que midia social traz causa tsunamis incessantes de informação emocional, sem pausa para processar ou refletir ou perceber que essas notícias não afetam nossas vidas. Eventualmente, nos viciamos à tormenta de estimulação: o que vemos na tela nos estressa, e fugimos desses sentimentos negativos com a tela. Quando sentarmos em silência, nos confundimos uma sistema límbico desativada para tedio e tentar “sarar” o problema… com mais tela.

A solução é simples, mas difícil: desligar a midia social. Apenas com menos conexão podemos quebrar o ciclo, calmar nossos nervos agitados, recuperar o espaço para pensar, e deixar o beco sem saida que é midia social para continuar perseguindo nosso futuro utopianisto.